
Para
chegar a esta fase das olimpíadas, a professora trabalhou com os alunos
o gênero "artigo" desde o mês de maio com duas turmas do Ensino Médio,
uma do 2º ano e outra de 3º.
Depois de muitas leituras, pesquisas, escritas e reescritas, o texto do aluno Wilcles de Souza foi selecionado pela comissão escolar para a etapa municipal e, logo em seguida, para a etapa estadual. E para nossa alegria foi um dos semifinalistas.
Depois de muitas leituras, pesquisas, escritas e reescritas, o texto do aluno Wilcles de Souza foi selecionado pela comissão escolar para a etapa municipal e, logo em seguida, para a etapa estadual. E para nossa alegria foi um dos semifinalistas.
A semifinal da OLP-2014 foi em Brasília, onde os semifinalistas, aluno e professor, participaram de oficinas, palestras, debates, passeios culturais e da cerimônia de premiação.
Além da viagem e hospedagem, os semifinalistas ganharam medalha de bronze, medalha de prata, livros e um tablet.
Durante a cerimônia, a ansiedade para saber quem seriam os grandes finalistas foi grande. A emoção foi demais quando os nomes dos finalistas foram divulgados e o nome do aluno, Wilcles de Souza, e sua professora, Silene Faro, foi chamado.
Os
finalistas viajaram novamente a Brasília no dia 16/12/2014, dessa vez,
além do aluno e do professor, levaram também a diretora da escola, Sônia
Rodrigues, e a mãe do aluno, Maria de Souza.
Entre os finalistas estava também as paraenses, de Vitória do Xingu, a professora Ivanete paixão e sua aluna Bárbara. Dos 38 finalistas na categoria, apenas cinco levaram a medalha de ouro: dois cearenses, um mineiro, um baiano e uma alagoano. Ficar entre os 38 melhores textos foi uma grande vitória, afinal, foram quase cinco milhões de textos!
Logo abaixo está o texto que levou o aluno Wilcles de Souza Freitas à final das Olimpíadas de Língua Portuguesa 2014.
Lixo ou Benefício? Acorda, Marituba!
Moro em Marituba, cidade localizada na Região Metropolitana de Belém, às
margens da Rodovia BR-316. Surgiu, como uma pequena vila operária, em
função da implantação da estrada de ferro Belém-Bragança. Já o nome da cidade,
de origem indígena, surgiu da junção dos vocábulos "Umari" e "Tuba".
Foi elevada à categoria de município em setembro de 1994. Aqui estava a chance de
Marituba deixar de ser uma pacata cidade, de grandes e belos igarapés, para
rumar ao desenvolvimento. No entanto, hoje, com quase vinte anos de emancipada,
a cidade que antes era bela e bucólica, perdeu sua graça, para se tornar palco
de crimes, violência, insegurança e políticos desonestos, que lutam avidamente
pelo poder. Além disso, não tem saneamento básico e nem políticas públicas para
o adequado descarte e tratamento do lixo e, como se isso não bastasse, há
fortes indícios de que o velho lixão do Aurá, após seu fechamento, será
transferido para cá.
Desde 2010, quando o ex-prefeito da cidade aceitou a construção de um
Aterro Sanitário para a Região Metropolitana de Belém aqui em Marituba, essa
discussão se arrasta, entretanto em nenhum momento a população foi consultada
para saber se queriam ou não a construção desse aterro na cidade, ao contrário,
foi surpreendida quando alguns poucos líderes de comunidade foram convidados,
pela empresa contratada Revita, a participarem de audiências públicas que
discutiria os impactos ambientais dessa construção na região.
Eu, como morador dessa cidade, sou totalmente contrário a isso. Penso
que Marituba já possui problemas suficientes para poder receber mais um. Alguns
poucos moradores que estão sabendo desse fato, iludem-se em pensar que um
empreendimento como esse trará benefícios para o município, como geração de
emprego e melhorias para a cidade. É bom lembrar que de promessa a população
está cheia!
Quem pensa que Marituba vai ganhar com esse empreendimento não leva em
consideração os vários problemas ambientais que a cidade vem sofrendo desde a
construção da Alça Viária, que açoreou vários rios e igarapés; não sabe que há
fortes indícios de que o Lixão do Aurá tenha contaminado os lençóis freáticos
do bairro do Pato Macho e, agora, com esse projeto, que carece de informações
importantíssimas, corre o risco de piorar ainda mais essa situação.
Segundo o presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB-PA, José Carlos
Lima, a área onde está prevista a construção do aterro é cheia de nascentes e
córregos pertencentes à bacia do Uriboca, que a mata vizinha é alagadiça na
maré alta, formando um sistema único de fauna e flora ainda preservados, além
disso, o projeto não detalha como será feito o tratamento do chorume antes de
ser despejado no igarapé que faz parte da bacia hidrográfica do Uriboca. Como
se vê, o local escolhido é totalmente inadequado e, além do que já foi exposto,
ainda tem o prejuízo que essa construção trará para a flora e a fauna da região.
Outro fator que reforça minha posição é que, legalmente, nenhum aterro
sanitário pode ser construído a menos de 20 quilômetros de um aeroporto e, como
poucos sabem, o local previsto para a construção situa-se em Área de Segurança
Aeroportuária e da base aérea da capital paraense, colocando em risco a
atividade aérea pelo potencial do empreendimento de atrair aves.
Como se não bastasse tudo isso, o projeto carece de informações sobre o
arranjo econômico: ninguém sabe ao certo se a construção desse aterro terá
viabilidade econômica, e mais: quem pagará a conta e quem lucrará? É importante
a população entender quem realmente irá ganhar, quem está por trás de tudo isso
e com que interesses. Com certeza não é só porque ama Marituba.
Por isso, volto a afirmar "não queremos um lixão para
contaminar nossas vidas", já vivemos em uma situação precária, com péssima
qualidade de vida. De maneira nenhuma esse empreendimento vai ser bom para a
cidade. Precisamos defender, antes de tudo, o meio ambiente e preservar nossas
poucas riquezas naturais. Marituba não quer mais lixo, quer qualidade de
vida e sua dignidade de volta.
Postado pela profa. silene Faro